Resolvemos conhecer parte da Patagônia Argentina, num roteiro de 10 dias conhecendo El Calafate, El Chalten e Ushuaia.

Quando mencionamos a Patagônia argentina, temos a Cordilheira dos Andes dominando um lado e o Oceano Atlântico o outro. O lugar por vezes remoto e, intocado, parece ter saído de um sonho, pois nessa imensidão toda, estão presentes montanhas de pico nevado, gigantescas geleiras, rios e lagos de tons azulados e esverdeados e uma rica diversidade da flora e da fauna, além de charmosas cidadezinhas com construções seculares que nos rementem à colonização europeia. E ainda tem a deserta, bela e famosa estrada Sul-americana, a Ruta 40, que percorre a Argentina de norte a sul conectando a alguns dos destinos mais procurados na região. Neste contexto tudo é encantador e você com certeza vai se apaixonar pelas paisagens dessa incrível região.

El Calafate, a cidade das geleiras

El Calafate é uma pequena cidade localizada na borda da Cordilheira dos Andes, e as margens do gigantesco e belíssimo Lago Argentino, com suas águas azul-turquesa. Faz parte da província de Santa Cruz, na Argentina, próximo à fronteira com o Chile.

O Glaciar Perito Moreno

No dia seguinte conhecemos a principal atração da região e uma das atrações mais espetaculares do planeta, o Glaciar Perito Moreno, listado como patrimônio mundial pela UNESCO, é uma das paisagens mais bonitas e emblemáticas da Patagônia, localizado dentro do Parque Nacional de Los Glaciares. Esta geleira com cerca de 5 km de extensão, a maior geleira horizontal do mundo, pode ser contemplada bem de pertinho, graças ao conjunto de passarelas que estão à sua frente, que podem ser percorridas através de uma caminhada, ou através de um passeio de barco.

Saímos do hotel em El Calafate logo cedo em direção ao Parque Nacional dos Glaciar que fica ao 80km ncia da cidade. Nosso primeiro contato com o glaciar foi no Mirador de los Suspiros, de onde apreciamos e batemos lindas fotos das paisagens. Seguimos para o parque, mais precisamente para o pier “Bajo de las Sombras”, onde embarcamos em um catamarã chamado de safári náutico.

O passeio de cerca de 1 hora consiste em uma navegação pelo Lago Rico que permite apreciar de uma perspectiva totalmente diferente as impressionantes paredes da geleira Perito Moreno, bem como sua imensa superfície de gelo que passa da Argentina ao Chile numa paisagem única e seus contínuos desabamentos sobre as águas do Lago. Podemos observar de perto com mais detalhe, através do barco que fica parado por alguns minutos, as paisagens e as diversas e incríveis rupturas dos gigantescos blocos de gelo que se desprendem das paredes formando icebergs.

Logo depois seguimos para apreciar o Glaciar Perito Moreno de frente, através das várias passarelas, de onde vemos o lindo tom de azul dessa imensa geleira e aproveitamos para fotografá-lo com um ângulo de visão mais aberto. São cinco trilhas, totalizando 4,7km de passarelas suspensas que podemos percorrer com calma, aproveitando todos os ângulos do glaciar. Dê uma dessas caminhadas pelas passarelas conseguimos observar o lindo voo do condor dando rasantes, um espetáculo à parte, pois na região existe muitos. É um passeio fantástico e inesquecível para fotografias e filmagens.

Aqueles que ficaram deslumbrados com o visual do Perito Moreno a ponto de querer algo mais, podem realizar o trekking sobre o gelo. São dois, o big ice, que consiste em uma viagem ao centro da Glaciar Perito Moreno, com dificuldade alta, exigindo bom preparo físico e o Mini trekking com dificuldade média, em ambos há degustação de uísque, onde os participantes extraem pedras de gelo da geleira mesmo.

A bela El Chaltén

No 3º dia realizamos um bate e volta a pequenina e atraente El Chaltén localizada dentro do Parque Nacional de los Glaciares, que aparece com frequência na lista de destinos imperdíveis para se conhecer a Argentina.

Este vilarejo com pouco mais de mil habitantes, lota de turistas ao longo do ano, justificando assim a boa infraestrutura local, com rede hoteleira, opções gastronômicas e agências de turismos.

Considerada a capital argentina do trekking, é um verdadeiro desafio para aventureiros, por ter alguns dos picos de maior dificuldade do mundo, como o cerro Torre e o gigante Fitz Roy.

Saímos cedo de El Calafate em um micro-ônibus e logo pegamos a Ruta40, passamos sobre o Rio Santa Cruz e depois seguimos observando paisagens espetaculares sempre margeando por um grande trecho o Rio La Leona e parando em vários mirantes. Uma das paradas ocorreu no Parador La Leona, para um cafezinho, pois o vento e o frio era terrível, logo depois o visual do Lago Viedma e o histórico mirante “La Leona”.

Prosseguindo entramos na Ruta 23 por 90km até visualizamos o mirante Glaciar Viedma (maior glaciar existente no Parque Nacional dos Glaciares), a partir desse ponto temos da estrada uma das mais lindas vistas panorâmicas da região, visualizando as Torres e o imponente FitzRoy, além de outras montanhas.

Ao fundo, o Fitz Roy

Passamos pelo centrinho de El Chaltén, onde alguns aventureiros desceram, iam fazer outros roteiros, e nós prosseguimos numa estrada de cascalho as margens do rio Las Vueltas para o Lago del Desierto. Esse trecho do trajeto é maravilhoso, dando-nos uma vista da floresta da Patagônia Andina, pequenas cachoeiras, montanhas nevadas, lagoas e rios, chegando então ao píer do lago. Nos passeios de maio a outubro, desce próximo ao lago e faz uma caminha de 1h pela linda paisagem até chegar num refúgio onde um almoço é servido.

El Chaten


No verão, que foi o nosso caso, embarcamos para um passeio de barco de 20min pelo lindo Lago del Desierto. Vislumbramos a vegetação e montanhas (FitzRoy e Cerro Torre) que formam uma linda paisagem. Desembarcamos na geleira Vespignanie e iniciamos uma caminhada de 200m, conhecida como “Trilha das raízes” pelo Bosque Pristino até a base operacional do local. Chegando a base, após algumas instruções sobre o local, pode-se optar por uma caminhada pela floresta de lengas, ñirese orquídeas ou por uma caminhada até a geleira Vespignani, finalizando no Mirador FitzRoy.

Partimos então em direção ao mirador, caminhando por uma bela floresta de lengas, passando por rios e cachoeiras, até chegar ao glaciar Vespignani, e posteriormente ao mirante do FitzRoy, que infelizmente não pudemos vê-lo, pois estava encoberto pelas nuvens. Dizem que deste ponto se obtêm uma vista privilegiada do lindo Fitz Roy, principalmente a tarde, com o sol refletindo nele. Depois da caminhada o grupo se encontrou novamente na base para saborear um mate ou café com biscoitos. Depois voltamos para El Calafate com as melhores lembranças de El Chalten.

Em El Chalten, há para os amantes da natureza uma infinidade de atrações, basta somente pedir ajuda no Centro de informações. São diversas trilhas, como a trilha Laguna de los Tres, que tem como estrela principal o Monte Fitz Roy, que, com seus 3.375m de altura, que é o principal cartão-postal da região. Pois enquanto se caminha por horas a fio em direção à lagoa que dá nome ao passeio, se tem a fenomenal oportunidade de passar por lagos, campos abertos, picos rochosos e outros atrativos naturais, até avistar o monte.

Outra trilha muito visitada é a da Laguna Torre, cujo maior objetivo é avistar o Cerro Torre de mais perto. Essa montanha de 3.133m de altura pode ser contemplada a partir da lagoa que dá nome ao percurso e que é ponto final da caminhada. Uma terceira trilha popular em El Chaltén é aquela que leva ao Chorillo del Salto, uma cascata facilmente alcançada em 1h a pé. Outras trilhas mais curtas podem ser realizadas por alguém sem muito tempo, como a trilha da laguna Capri ou a que leva ao Mirador dos Condores e ao Mirador de las Águilas, todas com no máximo 2 horas de caminhada, apresentando lindo visual lá de cima. Vale muito pernoitar na cidade para quem tem disposição para encarar esses desafios que a natureza local proporciona, porém é claro que todo o esforço é recompensado.

Estância 25 de maio

O nosso 4º dia em El Calafate, reservamos a parte da manhã para perambular pelo centrinho da cidade, fazer algumas compras e após o almoço descansar, pois as 17:00 horas iríamos conhecer a Estância 25 de maio.

A fazenda 25 de Mayo ocupa uma área de 17.000 hectares e seu centro histórico está localizado a poucos passos do centro de El Calafate, um lugar ideal para descansar e desfrutar da paisagem no sopé do Cerro Calafate, respirando o mais puro ar da Patagônia.

Sendo uma opção de um passeio fascinante pela história e vida local, descobrindo o lado rural nesta grande estância e observando de perto como é a criação de ovelhas, vacas e cavalos e outras atividades da região.
Saímos do hotel em El Calafate em direção a Estância 25 de Mayo, e logo fomos acomodados numa área externa ao redor de uma fogueirinha e recepcionados com o tradicional mate, tortas fritas argentinas e com o café carretero, este último foi explicado todo processo de como era feito através dos desbravadores da Patagônia, Depois dessa calorosa recepção assistimos uma demonstração da técnica de pastoreio de ovelhas com cães, muito utilizada ainda na região.

Posteriormente visitamos um antigo galpão onde estão os currais de ovelhas e o espaço para tosa. Conhecemos o espaço e assistimos uma demonstração de tosa de ovelhas, atividade muito importante, principalmente, antes do início do inverno. Depois Iniciamos uma curta caminhada pela trilha “Arroyo Calafate”. Nessa caminhada podemos apreciar a beleza do espaço onde a estância está localizada e conhecemos sua história e flora, ao final da trilha chegamos ao mirante Arroyo, onde tomamos vinho quente e realizamos uma degustação de cordeiro.

Intendência do Parque Nacional Los Glaciares


Em nosso penúltimo dia em El Calafate, aproveitamos a parte da manhã para conhecer a Intendência do Parque Nacional Los Glaciares que é a administração do parque. Está localizado no centro comercial da cidade, num prédio construído em 1946, declarado Monumento Histórico Municipal. É um passeio para uma manhã ou um fim de tarde agradável e calmo antes das tradicionais compras de lembrancinhas .

O acesso é gratuito e na parte interna o visitante tem a oportunidade de conhecer informações importantes sobre a flora, fauna, de seus glaciares, de excursões dentro do parque e de toda história da região. Tudo isso através de painéis explicativos e de um filme que é exibido na sala de cinema do local.

Na parte externa há uma trilha interpretativa com um belo jardim florido e esculturas relacionadas à história de El Calafate e da Patagônia. Andando identificamos a flora nativa ou a exótica. Também há amostras de máquinas antigas que foram usadas quando o Parque Nacional começou a operar, um evento que a transformou na instituição pioneira para o desenvolvimento da área.

Nativo Experience – Passeio de 4 x 4

O passeio de 4×4 consiste numa aventura de aproximadamente 3 horas a bordo de em Land Rover que segue margeando o lindo e imenso Lago Argentino até chegar a falésia de Punta Bonita, de onde você tem uma vista panorâmica de boa parte do Lago Argentino e da Cordilheira dos Andes. O guia em todo percurso explica tudo sobre a vegetação, fauna e geologia local. Finalizando, a última parada foi na zona arqueológica. Onde apreciamos nas rochas as pinturas rupestres, terminando com um jantar regado a vinho ou suco em uma caverna. Este passeio foca os primeiros passos do homem nestas terras, vivenciando as primeiras expedições aos que se aventuraram ao desconhecido através do Rio Santa Cruz e do Lago Argentino.s Andes. Retornamos ao hotel, pois na manhã seguinte embarcaríamos para Ushuaia. Nosso post seguinte.

Outros passeios

Outros passeios que podem ser realizados a partir de El Calafate são: Rios de Hielo Express4×4 Balconescavalgada e Estância Cristina. Há quem utilize El Calafate como ponto de partida para um bate-volta até o Parque Nacional Torres del Paine, um dos lugares imperdíveis na Patagônia chilena. Porém, devido a longa distância, o correto é permanecer lá por alguns dias, se tiver tempo.

Texto: Valdir Neves

DICAS

  • Glaciar Perito Moreno
    Informações Gerais Período: Ano Todo Saída: 9hrs Duração: 6h Dificuldade: Baixa Local: Parque Nacional dos Glaciares
    Esse passeio está sujeito a alterações mediante às condições climáticas.
  • Quando ir a El Calafate – A melhor época para ver as geleiras em El Calafate são os meses mais quentes do ano, e o inverno é a estação a se evitar. Durante o inverno, muitas atividades não são oferecidas (como o trekking nas geleiras, um dos principais passeios da região) e alguns hotéis fecham. Os dias têm poucas horas de luz, e você vai precisar levantar da cama ainda no escuro para se preparar para os passeios.
  • Dinheiro e câmbio em El Calafate
    Não há casa de câmbio formal em El Calafate. O câmbio é feito nos bancos, como no Banco Nación (Avenida Libertador, 1133) e no Banco Tierra del Fuego (25 de Mayo, 34). O expediente bancário em El Calafate é de 8h às 13h, de segunda a sexta; horário em que é bem provável que você esteja fazendo passeios.
    O ideal e se você vai passar por Buenos Aires antes de ir a El Calafate, faça seu câmbio lá (de reais por pesos, ou de dólares por pesos). Na capital você vai conseguir a melhor cotação possível para o seu dinheiro. Atualmente o melhor câmbio para reais é nas agências do Banco Nación dos aeroportos Ezeiza e Aeroparque, principalmente no verão onde o real é bem valorizado; para dólares, nas corretoras da calle Sarmiento.
    Se você vai direto a El Calafate, com apenas uma conexão rápida em Buenos Aires, prefira levar dólares. Ou tente trocar real no Banco Nación do aeroporto em Buenos Aires (Ezeiza ou Aeroparque), entre um vôo e outro. O ideal é desembarcar com dólares ou pesos argentinos em El Calafate.
  • Reais em El Calafate: Em hipótese alguma leve reais para suas despesas em El Calafate. Reais não são quase nunca aceitos – e, quando são, a cotação é bem baixa.
  • Como chegar a El Calafate
    De avião
    a) Não há vôos diretos do Brasil para El Calafate. É preciso fazer uma conexão em Buenos Aires. Num voo Brasil-Buenos Aires-El Calafate, a imigração é feita em Buenos Aires. É preciso retirar a bagagem, passar pela alfândega e despachar de novo as malas.
    b) Não compre passagem com intervalo menor que duas horas entre os vôos — nem passagem que envolva troca de aeroporto em Buenos Aires (você precisaria de duas horas para se deslocar com segurança entre Ezeiza e Aeroparque).
  • Como ir do aeroporto de El Calafate ao hotel: O aeroporto de El Calafate fica 20 km a leste do centro. Para ir ao centro, você pode escolher entre vans compartilhadas e remises (carros com motorista que fazem corridas como táxi), ou então pegar já na chegada o seu carro alugado.
  • Transporte em El Calafate: A parte mais turística do centro de El Calafate pode ser conhecida andando de ponta a ponta. Escolhendo um hotel de localização conveniente, você só vai precisar de transporte na hora dos passeios.
  • Onde ficar em El Calafate: O centrinho de El Calafate tem a Avenida Libertador como via principal. Nela e em seus arredores é onde estão as agências de receptivo, restaurantes, lojas e bancos.
  • Outras dicas:
    Eletricidade: 220 volts
    Tomadas: Tipo C ou I, ou seja, de dois pinos arredondados (como o antigo padrão brasileiro) ou com três pinos achatados (sendo dois na diagonal e um deles na vertical).
    Brasileiros não precisam de visto para turismo e podem permanecer no país por até 90 dias, basta apenas o RG ou Passaporte (CNH e Certidão de nascimento não são aceitos).