Ushuaia
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Chegamos a Ushuaia, para iniciar uma viagem de 4 dias pela capital da Terra do Fogo. Como só dispúnhamos de 10 dias para essa viagem, optamos por um roteiro bem turístico, com passagens, hotéis e traslados reservados no Brasil. A viagem até Ushuaia levou o dia inteiro. Optamos por um voo de 3 horas do Rio de Janeiro a Buenos Aires, uma conexão com troca de aeroporto, e mais 3:30 h até o destino final, isso sem contar com os atrasos dos voos na argentina, que nunca foram menores que 1 hora em todos os aeroportos que utilizamos. Ushuaia, a primeira escala da nossa viagem, é uma pequena e pitoresca cidade, cercada pela cordilheira dos Andes no sul da América do sul, no extremo da província da Terra do Fogo, na fronteira com o Chile, a mil quilômetros da Antártida, na Patagônia Argentina. Distante cerca de 3000 km de Buenos Aires, é conhecida também como a mais austral do mundo ou como seus habitantes gabam-se de dizer: A cidade do Fim do Mundo. No inverno a temperatura é bem fria, variando entre -6ºC e 4ºC, com pouco mais de 8 horas de luz diária. Já no verão a temperatura média fica por volta dos 10ºC, o dia começa a clarear às 4 horas da manhã e só escurece depois da 23 horas. Portanto, se Judas pudesse escolher um lugar para perder as botas, este seria Ushuaia. A cidade possui grandes atrativos que podem ser conhecidos através de uma caminhada pela cidade. Na parte histórica, é possível conhecer um pouco do seu passado, visitando o Museu do fim do mundo. O porto é um atrativo a parte, de lá, partem cruzeiros para a Antártida e saem os catamarãs para os passeios pelas ilhas próximas. A rua principal, San Martin, é um ótimo lugar para fazer compras, é um shopping a céu aberto, e o que é melhor, como é livre de impostos, eletrônicos, roupas de frio e artesanato podem ser comprados com preços bem em conta. Lá também ficam a maioria das agências de viagens, restaurantes, e chocolaterias.

Cerro Martial e Parque Nacional da Tierra Del Fuego O Cerro Martial fica a pouco mais de 7 Km da cidade, constitui a fonte de água potável mais importante de Ushuaia. Lá, durante os meses de inverno, funciona um Centro de Esqui. Do teleférico, tem-se a vista para o Glaciar, para a cidade de Ushuaia, e para o Canal de Beagle. A nossa visita ao Cerro foi comprometido por uma manhã fria e chuvosa. Um táxi nos levou do hotel até a base do teleférico, pagamos 35,00 pesos por pessoa para ir um km acima, até o refúgio de montanha do Clube Andino Ushuaia, na esperança que o tempo desse uma melhorada para caminhamos até o Glaciar. Não foi possível, o tempo muito fechado não permitiu, mas a vista lá de cima da cidade já valeu o passeio e ainda deu para brincar um pouco com a neve que tinha ao redor do refúgio. À tarde a chuva deu uma trégua e a Van da operadora de turismo, que contratamos para o passeio, veio nos buscar para conhecer o Parque Nacional da Tierra Del Fuego. Localizado a 20 km de Ushuaia, é o único da Argentina que faz limite com o mar. O parque têm paisagens deslumbrantes, com montanha com picos nevados, lagos e rios. Sua floresta abriga uma grande variedade de animais como os guanacos, raposas vermelhas, castores canadenses e coelhos. Para quem curte trekking, existem várias trilhas de diferentes distancias e níveis de dificuldade para percorrer.

Parque Nacional da Terra do Fogo
 Parque Nacional da Terra do Fogo
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Patagônia
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Nossa primeira parada foi na estação do trem do fim do mundo, que fica antes da entrada do parque. Construído especificamente para passeios turísticos, é uma réplica do “trem dos presos”, percorrendo o mesmo caminho utilizado pelos condenados antigamente para abastecer a cidade com lenha. O trem sai da Estação com destino ao Parque Nacional Tierra del Fuego, passando por rios, vales, bosques e montanhas. A visita é guiada. Na Estação há um pequeno museu e uma mostra de fotografias históricas. A viagem leva cerca de uma hora e custa $90,00 por pessoa. Optamos por seguir com a Van, pois ganharíamos tempo e ainda poderíamos parar onde quisermos para fotografar. Mais adiante paramos para ver os diques que os castores constroem nos rios. A estrutura é feita com ramo de árvores e lama. Na parte de dentro existe uma câmara seca acima do nível da água onde descansam, dormem e fazem seus ninhos. A toca dos castores têm várias entradas, todas por debaixo da água, o que evita o ataque de predadores. É uma visão curiosa e ao mesmo tempo desoladora. Curiosa porque os diques são obras de engenharia impressionantes, e desoladoras porque esses animais matam as árvores próximas, roendo as suas raízes. Os castores canadenses foram introduzidos na terra do fogo para desenvolver a indústria de pele em Ushuaia. Mas a ideia não vingou e os animais que não têm predadores, adaptaram-se perfeitamente a região, tornando-se uma praga. Depois dos castores seguimos até o final da Rota 3 e da Rodovia Panamericana, o lugar aonde o vento faz a curva, o verdadeiro “fim do mundo”, por terra, é o lugar mais próximo da Antártida. Lá existe uma placa informando as distancias até Buenos Aires e o Alaska. Tiramos fotos e seguimos por passarelas de madeira que levam até um mirante. No caminho cruzamos com um Zorro Colorado, espécie de raposa que habita o parque e que já acostumado com a presença humana, chegam bem perto das pessoas atrás de comida. No mirante temos uma visão privilegiada da bela baia Lapataia com montanhas com picos nevados como pano de fundo. Deixamos aquele lugar mágico e seguimos até o Lago Roca. De origem glaciar e com 11 km de extensão esse é um lago de águas calmas que marca o limite entre o Chile e a Argentina. Nas suas margens muitas famílias estavam reunidas conversando e tomando chá quente, hábito comum no verão. Ao retornarmos à Van, alguns pingos de chuva começava a cair sobre nossas cabeças. O restante do passeio foi feito debaixo de uma garoa fina e gelada, sem poder sair da Van, só nos restou apreciar de dentro do carro a ilha redonda, onde fica o correio do fim do mundo.

Navegação pelo Canal de Beagle Pela manhã deixamos o hotel para conhecer a Av. San Martin e aproveitar para fechar nossa navegação pelo canal de Beagle. A famosa avenida concentra quase todo comercio da cidade, lojas de marcas famosas, cafés, restaurantes, operadoras de turismo e hotéis. Depois de pesquisar bem, encontramos o melhor preço na operadora Tolkeyen Patagônia Turismo, lá conseguimos o preço de $200,00 pelo passeio completo pelo canal de Beagle, que vai até a pinguineira. Com o passeio garantido, fomos andar pela San Martin, almoçar e aguardar à hora do embarque no catamarã. Às 15h00min chegamos ao porto, e para variar, debaixo de muita chuva. Procuramos o escritório da empresa para pegar os tickets e pagar a taxa portuária, em seguida embarcamos no Catamarã. A embarcação da Tolkeyen Patagônia Turismo, de nome Ushuaia Explore, era uma das maiores, com dois andares, bar e poltronas bem confortáveis, dispostas umas em frente às outras, em fileiras de três com uma mesa no meio. No horário marcado iniciamos o passeio, pelo alto-falante o comandante deu as boas vindas e informou em inglês, espanhol e português como seria o passeio e as normas de segurança que deveríamos obedecer. Mesmo com o mar agitado pelo mal tempo, a embarcação seguia tranquila, quase sem balançar, é uma vantagem de ser grande. Com pouca mais de 30 minutos de navegação, a embarcação diminuiu a velocidade e pelo microfone o comandante anunciou que estamos chegando a ilhas dos lobos marinho. Fomos para o lado de fora para poder ver e fotografar. O catamarã contornou a pequena ilha, chegando bem perto dos animais, que não se incomodaram com a nossa presença e continuaram tranquilos deitados em uma pedra a cerca de 10 metros de nós. A próxima parada foi o farol do fim do mundo, que mostra a entrada da baia de Ushuaia para os barcos que estão chegando pelo atlântico. Alias, esse farol têm uma história interessante. Conta que muitas embarcações passavam por lá após expedições na Antártida ou mesmo quando cruzavam os oceanos, e se davam mal, porque o farol era muito ruim. Seu raio de luz tinha baixo alcance, portanto, os navios só o viam quando já estavam nas pedras, e afundavam. E assim foi por anos. No entanto, ele se tornou famoso a partir de uma fotografia tirada por um marinheiro francês, a única que se tem notícia do farol. Esse francês voltou para a sua terra natal e mostrou a foto para ninguém menos do que Júlio Verne, o autor de clássicos como Dez Mil Léguas Submarinas e Viagem ao Centro da Terra. O escritor gostou tanto da imagem, que a usou como inspiração para o livro O Farol do Fim do Mundo. Hoje, o velho farol não funciona mais. Substituíram-no por um novo, moderno e que evita naufrágios. Continuando a viagem, chegamos a Isla de los Pajaros, onde cormorões, biguás imperiais estão sempre acompanhado pela presença frequente de albatrozes, patos, gaivotas e mais de 20 espécies de aves marinhas. Por fim, depois de algum tempo navegando chega-se à Pinguineira, uma ilha repleta de pinguins de Magalhães, que chegam bem perto do barco para matar a curiosidade e olhar os visitantes de perto. Os catamarãs chegam bem perto da praia para que os visitantes possam ver os animais. Os pinguins só podem ser vistos nessa ilha durante o verão. Depois de março, eles caem nas águas geladas com seus filhotes e partem para novas aventuras. No retorno a Ushuaia o que mais me impressionou foi à beleza da cidade vista da baia. O mar, a cidade e a montanha em perfeita sintonia. Quem vir a Ushuaia não deixe de fazer esse passeio, vale muito a pena. Um dia realmente gratificante.

Texto: Herbert Terra

Fotos

Ushuaia: A última cidade ao sul do continente.
A San Martin: A principal avenida da cidade de Ushuaia.
O teleférico que da acesso ao Cerro Martial. Lá de cima têm-se uma visão privilegiada da cidade de Ushuaia.
O Cerro Martial.
Do nosso hotel em ushuaia, tínhamos essa visão do canal de Beagle.
Parque Nacional da Tierra del Fuego.
O trem do Fim do Mundo, percorre parte do Parque Nacional da Tierra del Fuego.
Parque Nacional da Tierra del Fuego, bahia de Lapataia.
Uma das espécies que habitam o Parque Nacional da Tierra del Fuego: O Zorro Colorado.
O coelho é outra espécie que habita o Parque Nacional da Tierra del Fuego.
As tocas dos castores. Espécie introduzida pelos Canadenses em 1946.
Parque Nacional da Tierra del Fuego.
O belo visual da trilha da Cachoeira da Fumaça.
Essa não podia faltar. Com o Fogão até no fim do mundo.
A última unidade Postal do continente. E funciona!
O city tour em Ushuaia é feito nesse autêntico ônibus inglês.
O confortável catamarã que faz a navegação pelo Canal de Beagle. No detalhe, o seu interior.
Na navegação pelo Canal de Beagle: O Farol Les Eclaireurs.
Na navegação pelo Canal de Beagle: A Isla de los Lobos.
Na navegação pelo Canal de Beagle: Isla de Los Pájaros.
Na navegação pelo Canal de Beagle: Isla de Los Pájaros.
Na navegação pelo Canal de Beagle: A Pinguinera.
Na navegação pelo Canal de Beagle: A Pinguinera.
Vista da Cidade de Ushuaia.

Dicas

USHUAIA

Hotel Ushuaia

  • Lasserre, 933 – Ushuaia – Argentina
  • Email: hotelushuaia@yahoo.com.ar
  • www.ushuaiahotel.com.ar

Apartamento com banheiro privado, aquecimento central, bem confortável e limpo. Têm um ótimo café da manhã e e fica bem no alto de uma colina. O único inconveniente e que fica a uns 800m do agito da Rua San Martin, mas vale a pena.

Tolkeyen Patagonia Turismo – Operadora de Turismo

Não deixe de ir

Cerro Martial

  • Preço teleférico : $35,00
  • Localização : Fica a 7 km do centro de Ushuaia, de taxi gasta-se em torno de $20,00.
  • Vale a pena separar uma manhã para conhecer o Cerro. É pertinho do centro e diversão garantida.

Parque Nacional da Tierra del Fuego

  • Preço Entrada do Parque : $50,00
  • Preço Trem do Fim do Mundo : $90,00. O Passeio tem duração de 1 hora.
  • Vale a pena conhecer um parque com um guia, você fica sabendo tudo sobre história, a fauna e flora da região.

Navegação a Pinguineira (Sem descer na ilha)

  • Duração : 6 horas
  • Preço : $200,00 + $6,00 (Tarifa Portuária)
  • O que levar : Lanche, os preços no Catamarã são muito caros.
  • Quem leva : Várias operadoras fazem o passeio, vale a pena pesquisar.