cambará do sul

Cambará do Sul é uma cidadezinha no alto da serra gaúcha, a 1.030 m acima do nível do mar e está entre as cidades mais frias do Brasil. No inverno a temperatura pode chegar facilmente a patamares negativos, podendo até nevar. Os meses com temperaturas mais agradáveis e com menor probabilidade de chuvas são abril, maio novembro e dezembro. É um local de natureza exuberante e é a porta de entrada para os maiores cânions brasileiros o Itaimbezinho no Parque Nacional do Aparatos da Serra e o Fortaleza no Parque Nacional da Serra Geral o que torna a cidade ponto de encontro para aventureiros e amantes da natureza.

No caminho para Cambará do Sul, uma passadinha em Torres

Continuando nosso roteiro pelo sul do Brasil, descemos as Serras Catarinenses e seguimos em direção a Cambará do Sul no Rio Grande do Sul, passando antes pelo Balneário de Torres já em terras gaúchas que fica localizada na divisa com Santa Catarina. A cidade de Torres ganhou esse nome por conta dos enormes penhascos que se erguem à beira mar e por este motivo tem as praias mais bonitas do Estado, pois são as únicas praias gaúchas que possuem falésias e enseadas que formam belos cenários.

 Torres – RS
cambará do sul

Os principais pontos turísticos de Torres são suas praias, as falésias, o Parque da Guarita que oferece caminhadas e belas paisagens, e o Rio Mampituba e sua orla repleta de bares e restaurantes. Dentre as praias destacamos a Praia da Guarita, um dos cartões postais da cidade que faz parte da área de proteção ambiental do Parque da Guarita, ideal para relaxar e curtir bela paisagem. A Prainha localizada no centro de Torres, a Praia da Cal localizada entre o Morro do Farol e Morro do Meio oferecendo boa infraestrutura, com bares e restaurantes e uma praia que recebe dois nomes, porém é uma praia só a Praia Molhes e Praia Grande. Um passeio obrigatório no município é uma visita ao Parque Estadual da Guarita, uma unidade de conservação onde estão os maiores atrativos da cidade, os penhascos da Torre Sul e da Torre do Meio que ficam à beira mar. O Morro do Farol que fica fora do parque da Guarita, é outro ponto a ser visitado, pois o local é ponto de voos de paraglider, tendo acesso de carro até o topo, de onde se tem um bonito visual da Praia da Cal, Praia Grande e Morro do Meio. O Herbert foi o único do grupo a se aventurar neste voo, sobrevoando os penhascos e as praias e até observando mais de perto as baleias que se exibiam um pouco mais longe no mar. Outros pontos que merecem uma visita são a Igreja de São Domingos, a Lagoa do Violão e a Ilha dos Lobos localizada em alto mar. Se por acaso você visitar a cidade no período da Páscoa ou próximo a esta data, não deixe de comparecer ao Festival Internacional de Balonismo de Torres, que acontece anualmente na cidade, é o maior do gênero na América Latina e o terceiro maior no mundo. Para ver o vídeo com o voo de paramotor, clique aqui!

De volta a estrada seguimos para Cambará do Sul

Essa foi a 2ª vez que visitamos Cambará, a primeira infelizmente não deu para ver quase nada, muita chuva, porém esta, apesar de ser em agosto, ocorreu tudo perfeito, sol e céu de brigadeiro. Como ficaríamos hospedados apenas 2 noites na cidade, pois chegamos praticamente no fim da tarde, só restaram 2 dias inteiros para os passeios, então optamos para o 1º dia realizar as trilhas do Cânion Itaimbezinho no Parque Nacional de Aparados da Serra e para o 2º dia a trilha do Cânion Fortaleza no Parque Nacional da Serra Geral.

cambará do sul
 A pequenina Cambará do sul.

O Parque Nacional dos Aparados da Serra que fica localizado na divisa dos estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, é uma unidade de conservação com área estimada de 10.250 hectares. O Parque é formado por mata Atlântica, floresta de araucária, campos e penhascos, que são moradas de papagaios-de-peito-roxo, jaguatirica, guaxinim entre outros.

Cânion Itaimbezinho

O maior atrativo do Parque é o Cânion Itaimbezinho, com seus paredões verticais e profundidade de até 700m, é um dos maiores das américas com 5.800m de extensão. São três as trilhas abertas ao público, sendo a trilha do Vértice e a do Cotovelo as principais atrações. A Trilha do Rio do Boi com acesso ao interior do cânion possui entrada pelo Posto de Informação e Controle do Rio do Boi, que fica no município de Praia Grande em Santa Catarina.

Trilha do Vértice

Neste dia fizemos as trilhas, primeiro a trilha do vértice que começa próximo ao Centro de Visitantes. É uma trilha leve, com aproximadamente 1,5 Km de extensão, realizada em 1:30h, onde o diferencial é a proximidade com a borda do cânion. O início é realizado sobre uma passarela pavimentada e logo chegamos ao primeiro mirante, que possui bancos convidativos sob arvores, de onde se obtêm a primeira visão do lindo Cânion.

cambará do sul
 Trilha do Vértice

Seguimos adiante, agora em trilha de terra e chega-se então a outro mirante, que seria o vértice que dá origem ao nome da trilha, o inicio do Cânion para quem o vê por cima e o final para quem o vê pela parte baixa da trilha, na fenda do cânion. Dalí é possível avistar as duas cascatas e o Cânion em quase toda sua extensão. Prosseguimos e logo deparamos com outro mirante, que nos presenteou com um incrível visual da Cascata das Andorinhas oriunda das águas do Rio Perdiz que passa próximo ao Centro dos Visitantes. Dizem que a queda da água chega a 300m de altura, sendo que o volume da água é transformado em neblina antes de atingir o fundo do Cânion.

 Mirante do Vértice

Continuamos a caminhada próximo a borda do cânion e o cenário fica cada vez mais belo e impressionante, e mais adiante já no final da trilha o último mirante que mostra a Cascata Véu da Noiva com uma queda de 500m formada pelo Arroio Preá. Uma placa restringe a passagem, chegamos ao final da trilha. No retorno da trilha conhecemos o Café do Vô Marçal e Artesanato da Vó Maria que fica dentro do limite do parque. A construção é de madeira, erguida em 1945, antes da implementação do Parque Nacional de Aparados da Serra, que ocorreu em 1959. Hoje é comandada por Dona Edira, filha do Sr. Marçal e dona Maria, que infelizmente já nos deixaram. Durante o dia Edira recebe turistas na sala da choupana erguida por seus pais há 73 anos. Parece que essas sete décadas não passaram naquele lugar, pois nada ali remete aos tempos modernos. Na casa o teto não tem forro e jamais teve lâmpada acesa com energia elétrica, no banheiro, o chuveiro é um balde suspenso por uma corda e em outro cômodo um tear que fica em frente a uma janela, ainda tem um pequeno fogão à lenha na sala onde bebemos um delicioso café e comemos um saboroso pastel feito na hora pela dona Lói, cunhada da Edira, que além de ótima cozinheira é também uma excelente artesã.

Trilha do Cotovelo

Dalí partimos para a trilha do Cotovelo com 6 km de extensão ida e volta. Você não precisa de um guia para realizar a trilha, pois é muito bem sinalizada e não tem como se perder. Todo trajeto dura aproximadamente 3 horas, porém esse tempo depende do preparo físico de cada um. Logo no início passamos pela ponte sobre o Rio Perdiz e seguimos sempre no plano por trilha tranquila até a proximidade do Cânion, observando a exuberante vegetação bem preservada, composta entre outras por muitas araucárias que são árvores características da região e estão sempre presentes em quase todas as fotos panorâmicas. Chegando ao primeiro mirante a visão do Itaimbézinho é impressionante, tamanho a grandeza do cânion, você se sente pequenino diante de sua imponência. Ali observamos a Cascata do Rio Preá despencando do alto da borda, e a partir deste trecho a trilha perde o formato de estrada e ganha o de trilha mesmo, e segue margeando a borda do cânion. Em alguns trechos uma cerca ou um cabo de aço delimita a distância de aproximação da borda, e mais adiante outros mirantes mostram um pouco da profundidade e também a proximidade com a gigantesca parede do lado oposto, além das muralhas que fazem a divisa dos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Trilha do Rio do Boi

Ainda dentro do parque é possível também realizar um passeio pelo interior da fenda do cânion, chamada Trilha do Rio do Boi, que parte do município de Praia Grande em Santa Catarina. Essa trilha é considerada de alta dificuldade por que é feita próxima à margem do rio e em alguns trechos atravessa o mesmo. Da outra vez que visitamos o parque, realizamos esta emocionante aventura. A duração é entre cinco e oito horas de caminhada.

Cânion Fortaleza

Na manhã seguinte apenas eu e o Herbert partimos para o Parque Nacional da Serra Geral, também no município de Cambará do Sul. Na nossa primeira tentativa de conhecer o Cânion Fortaleza a 3 anos atrás não fomos bem sucedidos, pois ao chegar ao topo da trilha, a chuva fina e a neblina nos deixou sem nenhuma visibilidade. Desta vez com tempo aberto e boa visibilidade nos possibilitou presenciar vistas incríveis e viver momentos de pura contemplação e reflexão. No parque não há estrutura, apenas uma guarita do Instituto Chico Mendes que controla o acesso dos carros, porém existe dois belos cânions, o Malacara e o Fortaleza, sendo este último nosso objetivo neste dia, por sua beleza e por sua surpreendente grandeza. Uma caminhada leve de quase 1,7 Km, que começa no final da estrada que corta todo parque, com duração de cerca 35 minutos leva ao topo do Fortaleza com quase 1.120 m de altitude. Este cânion é considerado um dos maiores da América Latina e de seu ponto mais alto, com vários mirantes situados na borda, é possível avistar boa parte dos seus sete quilômetros de extensão, que ao contrário de outros cânions existentes em outras partes do planeta que ficam situados em áreas áridas. O Fortaleza apresenta na parte de baixo densa vegetação de Mata Atlântica e na superior campos de altitude e de araucárias, compondo um lindo cenário, e se o dia estiver limpo dá pra ver até o litoral catarinense e gaúcho. O cenário nos garantiu dezenas de fotos que eternizarão para sempre os momentos ali presenciados. Quando voltávamos ao carro fomos surpreendidos pelos pequenos graxains, um mamífero semelhante as raposas que vivem naquela região.

Cachoeira do Tigre Preto

Na volta paramos no estacionamento que fica situado no meio da mesma estrada que corta o parque, ali é o começo da trilha que leva à Cachoeira do Tigre Preto e à Pedra do Segredo. Seguimos por uma trilha leve por quase 1Km até chegar à cachoeira do Tigre Preto, localizada na parede sul do cânion Fortaleza. E depois de atravessar o rio pisando sobre pedras situadas bem próximas a parte superior ao local da queda, seguimos mais um pouco até um mirante de onde foi possível obter um belo visual de toda queda, continuando sempre beirando a borda do cânion, chegamos a Pedra do Segredo, um enorme bloco de 5 metros de altura, apoiado sobre uma pequena base. A impressão que dá é que a qualquer momento a pedra vai cair. Para os que querem conhecer o cânion Malacara, a caminhada de 22 km (ida e volta) é bem mais árdua. Ainda próximo a Cambará tem as cachoeiras dos Venâncios e a do Tio França. A tarde seguimos para Gramado, que será relatado no próximo post. Texto: Valdir Neves

Dicas

  • Torres– Um dos melhores Self Service do Balneário de Torres é o Torre Grill. Muito bem localizado, a aproximadamente 200 metros da praia. Um cardápio variado, saladas, carnes, (incluindo grill), peixes e com ótimo atendimento. Pratos muito bem elaborados. Custo/benefício muito bom.
  • A melhor opção para chegar a Cambará do Sul é de carro, pois neste caso você pode visitar as principais atrações: os cânions, cachoeiras, etc. Você pode fazer a busca de preços de aluguel de carros, online aqui no nosso blog pela RentCars.com.
  • Onde ficar: Em Cambará, apesar de pequena oferece opções para todos turistas, tem hostels, pousadas e hoteis. Nos hospedamos na Vila Ecológica, com ótimo custo/benefício. Procure outras opções de hospedagem em Cambará do Sul aqui no blog através do Booking.com.
  • Onde comer: Cambará do Sul tem diversas opções de restaurantes, indicamos o Restaurante Galpão Costaneira.
  • Recomenda-se consultar sobre a visibilidade nos Parques através do Twitter (https://twitter.com/#!/PNAS_PNSG), com informativos atualizados diariamente sobre as condições de visitação.
  • Melhor época: Para conhecer os parques de cambará, tudo é mais nítido no inverno, mas é preciso encarar o frio. Chove mais em setembro. Visite o parque pela manhã, para fugir da cerração.

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