Com quase 2.792 metros de altitude, o Pico das Agulhas Negras no Parque Nacional de Itatiaia, é o ponto culminante do estado do Rio de Janeiro e o quinto mais alto do Brasil, segundo o IBGE, que é um instituto oficial criado exatamente para esse fim e anualmente publica um documento chamado Anuário Estatístico Brasileiro, com as informações geográficas e estatísticas brasileiras em diversos segmentos. Esta linda montanha está localizada na Serra da Mantiqueira no planalto de Itatiaia, e faz parte do Parque Nacional de Itatiaia.

Pico das Agulhas Negras
 Agulhas Negras
Pico das Agulhas Negras

O pico recebeu o nome de Agulhas Negras devido a existência de grandes e profundas canaletas escuras e verticais, paralelas umas às outras, que foram cuidadosa e lentamente esculpidas na rocha pela ação das chuvas ao longo dos tempos, que lembram agulhas e que podem ser observadas num simples olhar para a montanha. Com todos esses adjetivos, resolvemos chegar até seu cume. Para isto, reservamos pernoites no Abrigo Rebouças, e numa segunda-feira ensolarada encaramos 160 Km de Via Dutra até Engenheiro Passos, mais 25 Km pela estrada RJ 354 até a Garganta do Registro e mais 14km até o Posto Marcão, Portão de entrada do Parque, agora em bem acessível. Os outros 3Km até o Abrigo foram um verdadeiro off-rood, cheio de pedras pontiagudas. Cabe ressaltar a necessidade do preenchimento de um formulário de entrada no parque de todos os integrantes. Chegamos ao Abrigo Rebouças por volta das 14h, almoçamos e exploramos o entorno do abrigo. No dia seguinte as 8:00h, partimos do abrigo, de onde já é possível ver o pico, para encarar a trilha com cerca de 2 km que leva à base das Agulhas Negras, fazendo neste trajeto cerca de 1:00 h. Neste percurso passamos inicialmente, por áreas de Campos de Altitude, por pequenas elevações rochosas e bloco de pedras, até chegar a uma ponte pênsil, que atravessa uma área alagada.

Pico das Agulhas Negras

A partir deste ponto, o majestoso Pico das Agulhas Negras, passou a ser presença marcante em nossa visão, pois estaria sempre a nossa frente, e tendo ao fundo, olhando o belo vale à direita a imponente formação rochosa das Prateleiras, simplesmente um visual de tirar o fôlego. No restante do caminho até a base das Agulhas Negras passamos por turfeiras e bambuzais até a chegada em um platô, onde realizamos a primeira parada para descanso. A partir deste ponto pegamos a pior parte da trilha até o cume, pois ultrapassamos vários obstáculos nas canaletas, realizamos várias “escalaminhadas” por grandes paredões de pedras, que pareciam intransponíveis, subimos extensas rampas de pedra, às vezes passando por frestas existentes entre as rochas, num verdadeiro trepa-pedras, utilizando em alguns momentos cordas e equipamentos de segurança, que exigem alguma técnica de montanhismo e muita coragem. Da base até o cume são aproximadamente 2 km de subida íngreme, com graus variados de dificuldade. Porém quando alcançamos o objetivo, foi só alegria.

Durante nossa estadia no topo pudemos observar fantásticas paisagens e apreciar uma vista magnífica para três estados, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, ter uma visão panorâmica de todo o planalto e de diversos pontos como o Morro do Couto, Maciço das Prateleiras, Represa do Funil, a Serra Fina, a área de Visconde de Mauá e do Vale do Paraíba entre outros. Ali também lanchamos, descansamos e depois de quase 01:00h iniciamos o retorno dessa grande aventura. A volta apresenta menos dificuldade que a ida, mas requer, também, muito cuidado em todos os momentos. Ao chegar à trilha propriamente dita, olhamos algumas vezes para trás e pudemos realmente sentir a magnitude de nossa conquista, ao contemplar o belo espetáculo proporcionado pelo astro-rei, iluminando com uma coloração alaranjada o imenso paredão de Pedras que formam o Pico das Agulhas Negras. E assim terminou nossa bela aventura.

Pico das Agulhas Negras
 Galera comemorando a chegada ao Cume
Parque Nacional de Itatiaia
 Pôr do Sol nas Agulhas Negras

Considerações finais
O nível de dificuldade desta trilha varia de acordo com a forma física e experiência em montanha de cada participante. Todo trajeto do Abrigo Rebouças até o cume mede cerca de 4km, com um tempo variando entre 3 e 6 horas. O percurso de 2km até a base do Pico é considerado de nível moderado e é realizado praticamente no plano, porém da base até seu topo pega-se uma subida bem íngreme com um grau de dificuldade pesado e com utilização de equipamentos de segurança, em função do risco que este trecho apresenta. O tempo de subida varia de acordo com a via a ser utilizada, pois o maciço possui mais de 20 vias de ascensão com diferentes níveis de dificuldade. Vale ainda lembrar como curiosidade que o cume do Pico das Agulhas Negras situa-se na divisa entre os estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro, e que durante o inverno, entre os meses de junho e agosto a temperatura no topo do Pico pode chegar facilmente a patamares negativos, inclusive com fortes geadas. Este simples fato de nevar ou gear na parte alta do parque, aliado o interesse pelos esportes radicais, tais como alpinismo, rapel, trekking, entre outras modalidades, tem atraído muitos turistas ao local em busca adrenalina. Agradecemos também ao nosso querido amigo e guia João Sergio, pela dedicação e paciência com os mais “velhinhos”, pois sem ele seria muito difícil chegar ao objetivo final. Informações úteis -Entrar em contato com o Parque com bastante antecedência para reservar espaço no camping ou no abrigo, já que os mesmos possuem vagas limitadas. – Cuidado com algumas bifurcações na Trilha para o Pico das Agulhas Negras, elas podem dificultar o caminho, se errar volte e observe melhor; – Como qualquer local onde há vegetação, existem possibilidades de cruzar com animais silvestres e peçonhentos; -Utilizar equipamentos de segurança adequados; – Por tratar-se de uma montanha cuidado na subida e descida para evitar quedas pois estas podem ser fatais. -Em caso de chuva aborte a subida, por riscos de raios e quedas. – Se for de carro, fique atento ao tempo devido as condições da estrada, que é de terra e bastante esburacada, se puder opte por carros 4×4, mas se não for possível vá com cuidado que o carro chegara até ao abrigo ou acampamento. – Levar equipamentos de frio pois as temperaturas no Parque podem chegar a abaixo de zero. – Traga seu lixo de volta e se for possível recolha o lixo deixado por terceiros na trilha. – É recomendável levar do Abrigo Rebouças, entre 1 a 1,5 de água para a trilha, pois no caminho não há água potável. – No parque não há restaurantes, portanto leve seu o que você vai comer. – Após pegar a RJ 354 em Engenheiro Passos. Apesar da estrada apresentar boas condições de dirigibilidade, as várias curvas em mão dupla, torna a estrada bem traiçoeira e perigosa. – levar toda roupa de cama caso se hospede no abrigo. – No abrigo há fogão e se der sorte com botijão cheio. – É imprescindível a presença de um guia que conheça a área e tenha conhecimento em técnica de montanhismo. – Telefones úteis do Parque Nacional de Itatiaia: DDD24. 33521292; 33522288; 33526894 e 33514083, este último da entrada do parque, parte alta (Posto Marcão).