Atacama
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O Deserto de Atacama, foi a terceira etapa da nossa viagem pela Bolívia e Chile. Depois de cruzamos o Deserto de Sioli no sudoeste da Bolívia, passando pelas Lagunas Verde e Colorada, e entramos no Chile. Com cerca de 200 Km de extensão, é considerado o deserto mais alto e mais árido do mundo, pois chove muito pouco na região, em consequência das correntes marítimas do Pacífico não conseguirem passar para o deserto, por causa de sua altitude. Assim, quando se evaporam, as nuvens úmidas descarregam seu conteúdo antes de chegar ao deserto, podendo deixá-lo durante épocas sem chuva. Isso o torna de uma aridez incrível. Uma grande diversidade de minerais pode ser extraída do deserto de Atacama, lá estão as maiores reservas de cobre do mundo, além de lítio, bórax, enxofre e outros sais muito raros.

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A temperatura no deserto varia entre negativa à noite e 40ºC durante o dia. Em função destas condições existem poucas cidades e vilas no deserto; uma delas, muito conhecida, é São Pedro do Atacama, que tem pouco mais de 3.000 habitantes e está a 2.400 metros de altitude. Por ser bem isolada é considerada um oásis no meio do deserto e o principal ponto de encontro de viajantes do mundo inteiro, como mochileiros, fotógrafos, astrônomos, cientistas, pesquisadores, motociclistas e aventureiros. Apesar de pequena e isolada no coração do deserto mais árido do mundo, San Pedro possui uma vida agitada, com ruelas cheias de lojinhas de artesanatos, sendo um paraíso para quem gosta de comprar produtos atacamenhos que retratam toda a cultura que aflora na região. A noite também merece destaque: em seus vários bares e restaurantes e nas principais ruas circulam pessoas de todo o mundo. A animação é garantida. mesmo depois de altas horas onde pessoas ficam conversando e planejando o dia seguinte. Passamos quase três dias conhecendo suas redondezas e sempre com a visão do Vulcão Licancabur nos perseguindo a qualquer instante e lugar que íamos.

1º Dia: San Pedro de Atacama , Vale da Lua e Vale da Morte

O Vale da Lua em San Pedro de Atacama
 O Vale da Lua em San Pedro de Atacama

Na tarde do primeiro dia, após nos acomodarmos no hotel e tomarmos um banho rápido – mesmo depois de praticamente dois dias sem banho – pois não tínhamos tempo disponível, saímos para marcar passeios e almoçar. Almoçamos, fechamos um pacote de passeios com a Atacama Connection e às 16:00 horas fomos visitar o Vale da Morte e Vale da Lua.

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O Vale da Morte, a cerca de 4 km a oeste de San Pedro, pertence à Cordilheira do Sal e possui formações de dunas e desfiladeiros que impressionam pela beleza, o lugar é conhecido por esse nome porque foi utilizado pelos antigos habitantes para levar quem estava gravemente doente para esperar a morte, ali foram encontradas diversas múmias que hoje estão no museu de San Pedro. Conforme determina a secura do Deserto do Atacama, ninguém pode viver no seu Vale da Morte, todavia é possível admirá-lo. O Vale da Morte é um festival de cores, em eterna troca de formas. Exuberante e belo, a quantidade de formas e esculturas naturais produzidas neste trecho do Deserto do Atacama é impressionante. Ainda no caminho, observa-se a Cordilheira de Sal e a única vista panorâmica do grande Salar de Atacama, tendo sempre ao fundo o majestoso vulcão Licancabur.

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O final do primeiro dia na região foi no Vale da Lua – esse local pertence à mesma Cordilheira do Sal que o Vale da Morte. O Vale da Lua, é um santuário da natureza, está a 2600 mts sobre o nível do mar, e é formado por rochas que tem sido erosionadas pela ação do forte vento . Tem uma extensão de 5 mil 467 hectares. A ausência de vida animal e vegetal e a falta de umidade o tornam um lugar bem inóspito, mas sua magia e o encanto de suas paisagens, como os Vigilantes ou Três Marias, o Anfiteatro e dunas, e sua

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beleza peculiar o tornam um lugar inesquecível. O ponto de encontro de todos os aventureiros é a grande duna, local este que exige um pequeno esforço para alcançar o topo, porém recompensado com belo visual das formações do vale talhado pelo vento durante 60 milhões de anos, ficando para o final o maravilhoso pôr-do-sol, e já na descida da duna paramos para apreciar o céu limpo e repleto de estrelas, com aquela nossa lua de sempre a nos acompanhar. Retornamos à pousada para aquele relaxante banho e saímos para jantar e dar aquela badalada pelas ruas de São Pedro, com turistas por todos os lados da cidade, apesar do frio.

2º Dia: Lagunas Altiplânicas

Lagunas Altiplânicas
 Lagunas Altiplânicas

Após o café da manhã, a van passou as 8:00 horas na pousada para o segundo dia no Deserto do Atacama, pegamos a estrada em direção às Lagunas Altiplânicas e a primeira parada foi perto do Centro Aeroespacial. Devido as qualidades do céu atacamenho, um consórcio de 9 países investiu uma grande soma de dinheiro para construir neste lugar o maior observatório astronômico do planeta.

Durante quase todo esse percurso o Vulcão Licáncabur esteve nos acompanhando e quase ao seu lado, outro gigante, o Vulcão Lascar, com 5.592 m de altura em plena atividade. Sua última erupção aconteceu em 18 de abril de 2006 e uma permanente fumaça ou fumarola que sai constantemente de sua cratera pode ser vista a alguns quilômetros de distância.

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Seguindo para o sul fizemos uma parada na Quebrada de Jerez, onde podemos observar como eram as antigas moradias dos habitantes da região: A casa espanhola, construídas de liparita; a casa inca feita só de pedra, sem uso de cimento e a casa lican-antay. Nesse local um veio d’água corta as areias secas do deserto formando um cânion com cerca de 30 metros de profundidade. Dentro dele a vida ganha força e desabrocha em forma de árvores frutíferas, pinheiros, plátanos, Algaroba, enfim um oásis, um verdadeiro jardim do Éden. Saindo dali cruzamos o imenso deserto até a Laguna Chaxas, na Reserva Nacional dos Flamingos no meio do Deserto do Salar, onde centenas de flamingos de três das seis espécies que existem no mundo (Flamingo Andino, Chileno e James) podem ser observados tranquilamente.

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Através da Carretera Paso Sico passamos por Socaire, e logo a seguir pegamos uma estrada de terra para 28 Km após chegar as lagunas. Paga-se 2000 pesos chilenos para entrar na Reserva Nacional dos Flamingos, estas lagunas são partes integrantes desta reserva. A primeira visão, logo após a entrada é de uma imagem surreal. A Laguna Miscanti, com uma superfície de 15 Km2, localizada a 4200 metros de altitude entre os vulcões Miscanti (5.622 m.s.n.m) e Miñiques (5.910 m.s.n.m) apresenta uma tonalidade azul em suas águas que jamais vi em toda minha vida, simplesmente indescritível.
É difícil passar a sensação de caminhar pela areias claras da laguna, apreciando a fauna, a cor da vegetação rasteira e a imensidão dos vulcões nevados. A visão panorâmica de todo conjunto é realmente espetacular, uma obra divina. Galera pode acreditar, só esse lugar já paga a viagem para o Deserto do Atacama!

Seguimos direto para a Laguna Miñiques, outra maravilha, localizada praticamente na mesma altitude da Miscanti, só que bem menor, com uma superfície de 1,5 Km2. Estas lagunas recebem recargas de águas através de infiltração subterrânea das chuvas e do degelo dos cumes das altas montanhas das proximidades. Essas lagunas abrigam uma fauna com várias espécies, porém as mais comuns e as que podemos observar foram a Tagua cornuda, o Pato Juarjual, a Gaivota andina e a vicunha.

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No retorno paramos para almoçar em Socaire, antigo centro de abastecimento das caravanas que atravessavam o deserto, do Pacífico em direção ao Atlântico, hoje é apenas um pequeno povoado. Após o almoço, seguimos para Toconao, onde compramos artesanato e regressamos à pousada em São Pedro do Atacama.
À noite, depois do banho, conhecemos a Igreja de San Pedro, fundada há quase 500 anos, possuí uma arquitetura típica do deserto, com o teto feito de pranchas de cactos presas com couro de guanaco. A seguir jantamos em uma pizzaria e logo voltamos à pousada, pois no dia seguinte acordaríamos cedo para visitar os Geyseres del Tatio.

3º Dia: Geiseres del Tatio

Geiseres del Tatio
 Geiseres del Tatio

Acordamos as 3:00 horas da manhã e saímos as 4:00 horas num micro ônibus em direção aos Geiseres del Tatio, a 90 Km de distância e a 4.300 m de altitude, bem na base do vulcão Tatio, para observar de perto esta impressionante manifestação de atividade vulcânica. Existem poucos lugares no planeta onde a energia geotermal é visível ao homem. No caminho por uma estrada de terra encontramos várias vans indo na mesma direção, o que provocava muita poeira, e ainda no escuro podemos perceber muitas montanhas com seus cumes cobertos de neve. Chegamos no parque ainda de madrugada, no local fazia um frio terrível, com uma temperatura aproximada de 11º negativos, gente nunca senti tanto frio assim na vida. Pagamos para cada um 3500 pesos chilenos de entrada e nos dirigimos para o local onde ocorre o espetáculo. Na exata hora que o sol começa nascer, é que começa a parte mais espetacular do programa: são centenas de gêiseres soltando fumaças e jatos de água quente com mais de 80º C, que alcançam alguns metros de altura. Em alguns dias os jorros de água alcançam quase 10 metros de altura, enquanto os jatos de vapor e lama borbulhante são constantes. O campo geotérmico é extenso, e por todos os lados que olhávamos víamos turistas, centenas deles no meio de fumaças e jatos, um cenário simplesmente indescritível.

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Depois de explorar o local e tirar muitas fotos, foi servido no local o desayuno em meio aos jatos de vapor d’água. A curiosidade fica por conta do leite, que foi aquecido dentro de uma dessas pequenas crateras com água quente. Após mais alguns momentos ali, seguimos para um local próximo, onde as águas destes geiseres são recolhidas e despejadas em uma piscina de pedras, onde pode-se tomar um delicioso banho termal. Do nosso grupo apenas um herói, o Thiago, que teve a coragem de enfrentar aquele frio animal, lógico fora da piscina, pois dentro disse ele estava uma maravilha.

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Um problema no freio do micro ônibus, retardou um pouco nossa viagem em direção a Calama, pois nosso motorista teve que dirigir com mais cautela, porém nada que atrapalha-se nossa aventura. No caminho avistamos os vulcões Tocorpuri e o Sairecahur de 6.200 m de altitude, depois passamos numa parte do deserto com vários penhascos, onde paramos para observar a vizcacha em seu habitat natural e como no altiplano boliviano não podia faltar em nosso percurso pelo Atacama o encontro com as vicunhas em seu estado selvagem, animal típico destas regiões, que esteve em vias de extinção, mas que graças ao esforço em conjunto de vários países conseguiu sair deste patamar. Sua lã é a mais fina do mundo, e sua fibra só é superada pela seda. Encontramos também lhamas e guanacos.

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Depois de rodar e rodar pelo deserto, cortando o nada, atravessar por quilômetros uma região totalmente inóspita, com vários vulcões com cumes nevados, entre eles o San Pedro que se distingue a distância de muitíssimos quilômetros, sendo a montanha mais alta da região. Solidário, junto com seu irmão San Pablo dominam o deserto do Atacama desde seus mais de 6000m, oferecendo incríveis vistas para a imensidão e solidão que o rodeia e a quem se aventura por suas encostas até seu cume. O San Pedro, apesar de sua última erupção ter acontecido em 1911, atualmente persiste a atividade fumarólica (fumaça e gases), o que indica que é um centro vulcânico ativo, no qual podem ocorrer novas erupções.

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Quando chegamos ao Povoado de Caspana, a 240 quilômetros de San Pedro e a 3.260 metros de altitude, um belo cenário se abre à nossa frente. A impressão é que se voltou no tempo, séculos atrás.. Entramos em um Canyon e lá embaixo para nossa surpresa, um oásis, e que oásis, simplesmente fantástico. Caspana é uma comunidade indígena de agricultores, e assim construíram ao redor, na parte alta do cânion suas casas, na parte intermediaria fizeram terraços em grandes degraus que servem ao plantio, uma forma inteligente de aproveitar a água escassa na região. Na parte baixa, corre um pequeno riacho, que nesta época do ano é apenas um filete de água, que mais adiante forma um pequenino lago. Ali, pouco mais de 400 descendentes dos aimarás vivem do cultivo de flores, frutas – pêra, maçã, damasco e figo – e da criação de ovelhas, alpacas e lhamas.

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A próxima parada foi em San Francisco de Chiu-Chiu, um povoado indígena, que é sede da Igreja de San Francisco, monumento nacional erguido pelos espanhóis e um dos principais cartões-postais da região. Ela é de 1675, uma das mais antigas do Chile, quando aquelas terras ainda eram bolivianas. Feita de adobe, tem portas de madeira de cactos unidas por tiras de couro de lhamas. Dalí seguimos para Pukara de Lasana (2590 metros), onde há um pequeno restaurante turístico, onde almoçamos. Após o almoço, tiramos algumas fotos no povoado, principalmente da fortaleza inca, que é um importante testemunho histórico e cultural da cultura atacamenha. Esta fortaleza do século XII, foi residência de chefes e teve importante ocupação nativa até a conquista espanhola, quando foi abandonada.

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Chegamos ao aeroporto El Loa de Calama por volta das 18:00 horas para embarcar para Santiago. Vale salientar que este aeroporto fica em pleno Deserto do Atacama, fazendo com que aviões modernos tenham como fundo o deserto, dando um aspecto surreal ao cenário.

Dicas

Em San Pedro de Atacama

Hostal Elim

  • Calle Palpana, 6 – S.P.Atacama – Chile
  • Tel.: +591-2-2456421

Apartamento com banheiro privado, bem confortável e limpo. Têm um ótimo café da manhã e a proprietária, Dona Maria, é muito atenciosa com os hóspedes.

Preço da diária para duas pessoas: $27000,00 pesos Chilenos. (+- U$54,00)

Alimentação

Restaurante La Solenã

  • Localizado na Calle Tocanao – S.P.Atacama – Chile
  • Boa comida e barata.
  • Preço : $2700,00 pesos Chilenos.

Não deixe de ir

Vale da Lua e Vale da Morte

Este Vale é famoso por sua formação rochosa parecida com a superfície lunar. O espetáculo fica por conta do pôr do sol apreciado por centenas de turistas a partir do topo das dunas. A medida que o sol se põe a coloração das montanhas varia do amarelo ouro ao vermelho escarlate.

Lagoas Altiplânicas

A 4.000m de altitude e rodeadas de vulcões e montanhas com cumes nevados, encontram-se duas lagoas de um azul estonteantes: Miscanti e Miñiques, que fazem parte da Reserva Nacional Los Flamencos.

Geiseres de El Tatio

A 4300m de altitude, imponentes fumarolas com jatos de água quente emergem na superfície, através de fissuras na crosta terrestre, alcançando uma temperatura de 85º e 5 metros de altura. Este espetáculo da natureza pode ser apreciado entre 6:00 e 8:00 horas quando a temperatura está abaixo de zero. O fenômeno origina-se em razão do contato do rio subterrâneo gelado com as rochas quentes que cobrem a região de origem vulcânica.

Outras Dicas

Atacama Connection

Localizado na Calle Caracoles esquina Tocanao – S.P.Atacama – Chile – Tel.: (55) 851421

Agência escolhida através de indicação na internet. Gostamos, o pessoal é atencioso, pega e deixa você nos hotéis, e no passeio dos Geiseres de El Tatio deixa no aeroporto de Calama se você quiser.

Preço : Por $50.000,00 pesos Chilenos fechamos o pacote com Vale da lua e Vale da morte, Lagoas Altiplânicas e Geyseres del Tatio.

Taxas de entrada nos parques:

  • Vale da Lua e da morte : $2.000,00 pesos Chilenos
  • Valle de Jerez : $1.000,00 pesos Chelenos
  • Reserva Nacional dos Flamingos : $2.000,00 pesos Chelenos
  • Lagunas Altiplanicas : $2.000,00 pesos Chelenos
  • Geyseres de El Tatio : $3.500,00 pesos Chelenos
  • Valle de Lasana : $1.000,00 pesos Chilenos