Salar_Uyuni
Isla del Pescado
 Isla del Pescado

O Salar de Uyuni foi a próxima etapa da viagem pela Bolívia e Chile. Com 12.000 km², é a maior planície salgada do mundo. Está localizado no sudoeste da Bolívia quase na fronteira com o Chile, no Departamento de Potosí, a uma altitude de 3650m.

Segundo o site Wikipédia, a cerca de 40.000 anos atrás, a área era parte do Lago Michin, um gigantesco lago pré-histórico. Quando o lago secou, deixou como remanescentes os atuais lagos Poopó e Uru Uru, e dois grandes desertos salgados, Coipasa (o menor) e o extenso Uyuni.

Salar de Uyuni
 Salar de Uyuni

A pequena cidade de Uyuni vive hoje basicamente do turismo. Pessoas do mundo inteiro, principalmente os europeus, vêm conhecer o seu fabuloso Salar. Não é uma estada muito longa, no máximo dois dias. Mas todos os dias os trem despejam e recolhem centenas de pessoas. Os ônibus saem e chegam lotados e os inúmeros hotéis nunca estão vazios, com exceção do mês de fevereiro quando o acesso ao Salar está suspenso por causa das chuvas. Todos os dias dezenas de veículos 4×4 deixam as inúmeras operadoras de turismo, lotados de passageiros para percorrer parte dos 12000km2 do Salar.

1º Dia Cidade de Uyuni e a Isla del Pescado

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Saímos cedo, tomamos café em um restaurante (Em Uyuni são poucos os hotéis que oferecem “desayuno”) por Bs15,00 e seguimos para a Colque Tour para acertarmos os detalhes da viagem. A saída estava marcada para as 10:30h, alugamos sacos de dormir por causa do frio por U$6,00 cada, seguimos para o setor de imigração, que fica ao lado do nosso hotel, para carimbar os passaportes com a saída da Bolívia com data de três dias à frente, pagamos uma “taxa” de bs15,00 por pessoa. Esse valor é completamente ilegal, mas se você não pagar não recebe o carimbo. Fazer o que! Afinal estamos na Bolívia.

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Passaportes devidamente carimbados, compramos duas garrafas de água mineral de 2 litros para cada um. Bom quanto à água devo dizer que lemos em vários sites e blogs que deveríamos levar muita água, porque nos lugares de paradas não havia água ou era muito cara. Não foi isso que vi, encontramos água em vários lugares para vender e o preço, a meu ver, compensava. Compramos a garrafa de 2 litros em Uyuni por Bs6,00 em nos refúgios a Bs8,00. A diferença era quase nada se transformada em real. Só R$0,50. Portanto é um caso a pensar se vale à pena levar muita água.

Na hora marcada estávamos na operadora. Lá ficamos conhecendo nossos dois companheiros de viagem: Eduardo e Juliana, dois jovens, cariocas como nós. Achamos muito legal. Tínhamos uma equipe genuinamente brasileira, com exceção é claro do nosso motorista e doublé de cozinheiro Ramiro.
Com as mochilas no bagageiro, partimos num Toyota 4×4 prata ano 1993. A primeira parada foi em um cemitério de trem. Não achei a menor graça em ver trens velhos e enferrujados, mas enfim, fazia parte do roteiro. Seguimos para Colchani, um povoado que vive da extração de sal para consumo, construção e artesanato. Lá se encontram diversos tipos de bugigangas feitas com sal. Há também um hotel que foi transformado em museu onde tudo é de sal, dos móveis às paredes. Enfim entramos no Salar. A próxima parada foi em um Hotel todo construído com sal. Cadeiras, mesas, camas, tudo feito com sal, não existe hospedes é só para turista ver.

Abrigo próximo ao Salar de Uyuni
 Abrigo próximo ao Salar de Uyuni

Seguimos para a próxima parada, uma hora rodando pelo sal e chegamos a Islã del Pescado. Realmente parece uma ilha. Uma grande porção de terra e pedras vulcânicas lotada de cactos enorme e cercadas pelo branco do Salar. Paramos na “praia” onde havia várias mesas de cimentos onde seria servido o nosso almoço. Enquanto o Ramiro preparava o almoço, eu, Thiago, Eduardo e Juliana resolvemos conhecer-la. Pagamos Bs15,00 por pessoas para fazer um circuito pela ilha. O que achei de mais legal foi a vista de todo o Salar do alto da ilha. Almoçamos, tiramos várias fotos e seguimos para o nosso primeiro refúgio: Uma construção bem feita, ao pé de uma pequena montanha com vista para o Salar, numa localidade chamada Chuvica. Tinha vários quartos, todos com seis camas e um banheiro, cuja água do chuveiro era aquecida com gás. Tinha também um grande refeitório com mesas para seis pessoas onde fizemos as refeições. A luz vinha de um gerador que era ligado as 19:00h e desligado as 22:00h.

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As camas eram confortáveis e tinha três cobertores e um lençol para cobrir. Retiramos as mochilas do carro e levamos para o quarto, estava anoitecendo e também esfriando muito, resolvemos começar logo a tomar banho, afinal tinham seis pessoas na fila. Só então descobrimos que a água do chuveiro estava fria. Perguntamos ao responsável pelo refúgio e ele disse que a água era aquecida com gás, e só havia dois botijões que estavam nos primeiros quartos, portanto ia demorar um pouco até chegar a nossa vez. Deu 19:00h, a luz acendeu, colocamos as baterias das câmeras para carregar e o gás nada. Perguntamos novamente e o cara voltou a pedir que esperássemos. Acho que o problema eram os gringos do primeiro e segundo quartos, os caras são ruins de banho e estavam segurando o gás. Deu 20:00h veio o jantar. A comida tava boa, frango, arroz, batatas e salada. Não sobrou nada. Foi então que nos informaram que o gás estava no nosso banheiro, finalmente podíamos tomar banho. Depois ficamos no quarto jogando conversa fora, não vi nem quanto apagaram a luz, dormi direto e muito bem, a saída no dia seguinte estava marcada para as 8:30h.

2º Dia: Altiplano Boliviano / Laguna Cañapa / Laguna Colorada

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Cedinho já estávamos de pé, queríamos fotografar o nascer do sol no Salar de Uyuni. Muito bonito! Tomamos café e levamos as mochilas para colocá-las no bagageiro do nosso carro, procedimento idêntico feito pelos outros seis carros que estavam naquele abrigo. Um movimento frenético de entra e sai.
Gente falando em diversos idiomas, mas um só objetivo: Todos queriam sair cedo para aproveitar bem o dia. Gente de toda parte do mundo estava ali, inclusive um casal de alemães, cuja senhora aparentava uns 65 anos, achei aquilo sensacional, se você tem saúde, não existe idade para botar uma mochila nas costas e curtir uma bela aventura. Um bom exemplo para os jovens.

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Saímos as 8:30h com destino ao povoado de San Juan de Rosário, nada demais, tiramos algumas fotos e seguimos adiante. Seguimos em direção a uma das mais belas regiões da Bolívia, o altiplano Boliviano com altitude que variam de 3600m a 4800m. No caminho passamos por um posto militar de Chiguana, onde teoricamente deveria haver um controle de passaporte, mas ao parar na cancela o Ramiro só disse a um dos oito guardas que ficam no posto, que éramos brasileiros, e o cara abril a cancela.

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Cruzamos o Salar de Tiguana e seguimos para um mirador onde podemos observar e fotografar toda a região, inclusive o famoso Vulcão Ollague, com seus 5.863m, que fica na fronteira com o Chile.
A seguir conhecemos a lagunas Cañapa onde fomos recebidos por uma espécie de raposa, chamada de “Zorro Andino”, esses animais chegavam bem perto à procura de comida, já bem acostumados à presença humana. Fotografamos a vontade.

Vulcão Licancabur
 Vulcão Licancabur

Também lá, vimos os primeiros flamingos da viagem. Os flamingos são aves peraltas, de bico grande e dobrado e plumagem bastante colorida em tons avermelhado. Essa bela ave e facilmente encontrada nas lagoas do altiplano se alimentando de algas e pequenos crustáceos.

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Voltamos para o carro e seguimos para a Laguna Hedionda onde almoçaríamos. No caminho cruzamos por manadas de Vicuñas selvagens que fugiam em disparada ao avistar o nosso carro. Enquanto dirigia, o Ramiro nos contava que a Vicuña chegou à beira da extinção por causa da caça indiscriminada. Foi ai que o governo proibiu a matança e a população voltou a crescer. Ponto para eles.

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Enquanto o Ramiro preparava o almoço saímos para fotografar a bela laguna. Enquanto almoçávamos, novamente comida fria, vários pássaros rondavam os nossos pés a procura de migalhas. Realmente toda a fauna da região estava acostumada com a presença humana.

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Entramos agora em uma grande extensão de areia dourada, cercada ao longe por montanhas e vulcões de todas as cores. Um colírio para os nossos olhos. Entramos em um desfiladeiro, o Ramiro diminuiu a velocidade e olhava atentamente para os paredões formados por pedras soltas, uma em cima das outras. Foi quando parou o carro e nos mostrou um pequeno animal tomando sol no meio das pedras: Era a Viscacha, uma espécie de lebre do deserto, muito comum nessa região e no deserto de Atacama.
Chegamos ao Deserto de Sioli a quase 4700m. No meio do deserto, imensas pedras esculpidas pelo vento formando figuras estranhas, entre elas a famosa “Árvore de Pedra”, formação rochosa parecida com uma árvore. Não se sabe como as pedras foram parar ali, talvez expelidas pelos vulcões em alguma erupção, a quilômetros de distância.

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Nossa última parada do dia foi a Laguna Colorada, como o nome sugere, suas águas têm uma coloração avermelhada e também habitada por flamingos de várias espécies. Está Laguna, bem como boa parte do que conhecemos hoje, fica dentro da Reserva Nacional de Fauna Andina Eduardo Avaroa. Tivemos que pagar Bs30,00 por pessoa para ter acesso a Laguna, bem como nosso segundo refúgio para passar a noite. Este alojamento era bem pior que o primeiro. O nosso quarto tinha sete camas um tanto desconfortáveis, sem chuveiro de água quente e com banheiro coletivo. A luz também apagava as 22:00h. Mais uma vez tiramos as mochilas do carro e levamos para o quarto, já fazia muito frio e com certeza iríamos utilizar os nossos sacos de dormir. Ninguém arriscou tomar banho e as 19:00h uma nativa nos chamou para o jantar. Tomamos sopa, comemos massa e bebemos chá. Depois fui lá fora ver com o Ramiro que horas sairíamos no dia seguinte, ele disse que nos acordaria às 5:30h da madruga. Na volta olhei para o céu, me senti no espaço, foi o céu mais belo que já vi. Tudo muito nítido e brilhante, um espetáculo celeste.

3º Dia: Deserto de Siloli / Vulcão Licáncabur / Laguna Verde / S.P. Atacama

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Depois de uma noite muito fria e mal dormida, acordamos muito cedo, às 04:30h da manhã, e saímos as 05:00h para o último dia de aventura na Bolívia. Com um céu maravilhoso e super límpido, onde a beleza e solidão da lua parecia nos alertar para o que viria pela frente durante o dia. Continuamos a viagem pelo altiplano boliviano, seguimos para os Geysers e banhos termais de Sol da manhã. Ninguém do nosso grupo se atreveu a entrar na água, pois fazia muito frio fora dela.

Depois zarpamos em direção ao Salar de Chalviri, a 4800 metros, outro cenário de grande beleza que combina o branco da neve e o ocre do deserto, onde alcançamos o ponto mais alto do percurso, uma passagem a 5.000 metros. E sob sol escaldante, atravessamos uma linda planície com montanhas de várias tonalidades (azul, amarelo, ocre, mostarda, verde, etc), muitas com seus cumes nevados, fazendo contraste com um céu extremamente azul, sem nenhuma nuvem e uma lua quase cheia sempre nos acompanhando.

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Continuando a aventura agora pelo deserto de Siloli, percorremos extensas superfícies desérticas de areia e pedregulhos sem rotas muito definidas e nos deparamos com estranhas formações rochosas sensualmente delineadas por milhões de anos de ventos persistentes e logo chegamos à Laguna Verde, localizada bem na base do Vulcão Lincáncabur.

A Laguna Verde, situada a 4400 metros de altitude é muito peculiar pela troca de sua cor, pois pela manhã quando muda a direção do vento, percebe-se uma alteração no tom de suas águas para um verde mais intenso, isto se deve a presença de magnésio, arsênico e carbonato de cálcio em suas águas.
O Vulcão Lincáncabur, que fica na divisa da Bolívia com o Chile, ocasiona uma eterna “briga” para saber a que país ele pertence. Este vulcão com mais de 5800 metros, apesar de inativo, mostra toda sua magnitude, quando reflete na laguna sua beleza. Depois de várias fotos, seguimos para Laguna Blanca, logo ao lado, onde finalmente tomamos o café da manhã.

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Após o desayuno, saímos em direção à fronteira com o Chile, passando primeiro no Posto Militar de Chiguana onde apresentamos o ticket de entrada da Reserva Nacional da Fauna Andina Eduardo Avaroa, logo a seguir a imigração boliviana, onde nos despedimos da Bolívia, do nosso motorista Ramiro e do casal (Edu e Jú) que nos acompanhou nesta aventura no altiplano boliviano. Pegamos um micro-ônibus e, já em território chileno atingimos uma excelente estrada asfaltada, com forte descida que baixa de 4500 a 2500 metros de altitude em apenas 30 km, até chegar ao controle de imigração e controle aduaneiro e sanitário de São Pedro do Atacama, em pleno deserto, onde após os tramites legais o motorista nos deixou no hotel, por volta das 13:30 horas.

Dicas

Em Uyuni:

Hotel Avenida
  • Av Ferroviária, 11 – Uyuni – Bolívia
  • Tel.: +591-2-6932078

Fica em frente a estação ferroviária. É um dos melhores da cidade. Como é concorrido, quando chegamos de trem em Uyuni, o Valdir seguiu direto para fazer as reservas enquanto nós pegávamos as mochilas. Valeu a pena pois pegamos os últimos dois apartamentos. Mas existem uma infinidade de hotéis na cidade, e como normalmente é para uma noite só, não precisa escolher muito.

Preço em apto duplo com Banheiro Privado: Bs100,00 para duas pessoas

Preço em apto duplo sem Banheiro Privado: Bs 50,00 para duas pessoas

Dicas da Travessia Uyuni x S.P.Atacama

Algumas dicas importantes para que vai fazer a travessia do Salar de Uyuni até San Pedro de Atacama:

  • Não esqueça de carimbar o passaporte em Uyuni. A migração fica perto da estação ferroviária. Os caras cobram uma “taxa” ilegal de Bs15,00, que se você não pagar não recebe o carimbo. A data de saída do pais é para 3 dias depois.
  • Compre água para levar em Uyuni. A elevada altitude e o sol forte desidratam rapidamente o visitante. Em Uyuni você compra a garrafa de 2L por Bs6,00, nos abrigos sai por Bs8,00.
  • Vale a pena alugar um saco de dormir por U$5,00 na ColqueTour. Faz muito frio durante a noite no segundo abrigo.
  • Leve papel higiênico porque no segundo abrigo não têm.
  • Óculos escuro e protetor solar são imprescindíveis. Além de chapéu ou boné e agasalho.
  • Peça ao motorista para parar no meio da viagem para tirar fotos.
  • O primeiro alojamento (Chuvica), o jantar da para o gasto, banheiro aceitável e banho com hora marcada, pois a água é aquecida com botijão