Cânion Itaimbezinho
Parque Nacional do Aparatos da Serra
Trilha do Vértice
No primeiro dia pela manhã, mesmo com o tempo nublado seguimos para o Parque Nacional do Aparados da Serra para conhecer o Cânion Itaimbezinho, distante aproximadamente 18 Km do centro da cidade, e neste trajeto tivemos o primeiro contato com o graxaim, muito parecido com uma raposa, é o canídeo mais comum do Rio Grande do Sul, possui hábitos essencialmente noturnos, mas também pode ser observado durante o dia. Procura tocas, fendas e ocos de árvores no chão para fazer seu esconderijo. Tem um amplo espectro alimentar, podendo-se dizer que come de tudo. Após os trâmites legais para entrada no parque seguimos para o Centro de Visitação, onde vimos uma exposição de fotos e recebemos informações sobre as trilhas do parque. Logo após realizamos a trilha do Vértice, uma trilha fácil, bem sinalizada, de aproximadamente 1,5 km (ida e volta) em que crianças e pessoas da terceira idade podem fazê-la sem sustos entre 1 e 1:30 horas, não sendo obrigatório a utilização de guias. Nos primeiros passos o visitante segue a trilha por uma fechada mata nativa, passando por alguns mirantes com bancos para apreciar sem pressa as paredes verticais do cânion de Itaimbezinho. Apesar da neblina e do tempo chuvoso visualizamos o ponto alto da trilha, a Cachoeira das Andorinhas, formada pelo Rio Perdizes em ângulos frontal e lateral. Esta bela queda de água tem esse nome devido a um bando de andorinhas que fazem seus ninhos nas fendas das rochas, e ficam sobrevoando o local. Porém o olhar fica atraído mesmo é para movimento das águas, que caem de uma grande altura até formar uma névoa lá embaixo. Continuamos a caminhada por uma trilha bem demarcada, próximo à borda dos Cânions e não deixando de registrar as belezas que fazem parte dessa região chegamos ao segundo mirante de onde é possível ver a Cascata Véu da Noiva, com uma queda com cerca de 500 metros. Suas águas são formadas pelo Arroio Preá, que ajuda na formação do Rio do Boi, rio que corre na parte de baixo do cânion. No terceiro mirante é possível ver as duas cascatas e o início do Cânion Itaimbezinho, que é em forma de vértice razão do nome da trilha. Infelizmente não visualizamos devido ao mal tempo. O horário de entrada na trilha ocorre entre as 8 e as 17:00 horas. #####*Trilha do Cotovelo* A Trilha do Cotovelo, também no Parque Nacional do Aparados da Serra, cuja entrada é permitida entre as 8 e as 15 horas. É uma trilha mais longa, de aproximadamente 6 Km (ida e volta), mas facilitada pelo terreno regular e plano. Programa para pessoas de todas as idades, percorrida sem dificuldade em torno de 3 horas. A maior parte do caminho é realizado através de uma estrada de terra, emoldurado por cursos de água, quaresmeiras, bromélias, ipês
e, claro, centenas de araucárias. E o restante do caminho pela borda do cânion, em meio à campos de altitude. Do primeiro mirante de madeira, apesar da chuva deu para observar alguns quilômetros da extensão dos paredões do Cânion Itaimbezinho e do Rio do Boi seguindo seu curso normal preguiçosamente entre as pedras como gigantesca serpente bem lá embaixo, formando uma série de caprichosas cachoeiras, que deslizam para o vizinho Estado de Santa Catarina. Em dias ensolarados é possível ver a imagem clássica do cânion, chamada de Torres Gêmeas pelos guias, em que dois paredões de 700 metros se mostram de perfil e ainda com muita sorte, ver o voo de um urubu-rei planando por ali, em que é levado pela força dos ventos. Infelizmente devido ao mal tempo não contemplamos esse visual. Fica pra outra oportunidade.
Trilha do Rio de boi
É a mais longa e também a mais difícil do Parque Nacional de Aparados da Serra, exigindo para isto o conhecimento do local, e por este motivo é importante a presença de um guia. O acesso é por Praia Grande-SC. A caminhada é realizada na parte de baixo do Cânion Itaimbezinho, sempre seguindo o curso do rio. São 8,3 km de trilha (ida e volta) passando por dentro do rio, com muitas pedras e água como obstáculos. A caminhada dura normalmente de 5 a 7 horas e no verão possibilita deliciosos banhos em cachoeiras e em piscinas naturais formadas pelo rio. Para nossa surpresa o dia amanheceu lindo, pois no dia anterior pegamos chuva quase o dia inteiro. Seguimos numa van, Eu, Herbert, Ismar, Armando e mais três amigos do Rio grande do Norte (Taciana, Érica e Henrique), para Praia Grande cidade divisa com Cambará do Sul, já em Santa Catarina, distante aproximadamente 50 Km. Na maior parte do percurso, principalmente na Serra do Faxinal pegamos estrada de terra com muitos buracos, porém compensados pelo lindo visual proporcionado pela exuberante mata verde com muitas flores e belos vales contrastando com um magnífico céu de um azul intenso, depois trechos da estrada intercalados com asfalto e terra até chegarmos ao posto de fiscalização do ICMbio. Neste local fomos recebidos com muita atenção pelo guarda, uma pessoa muito alegre e hospitaleira, logo apelidado por Guarda Belo. Depois de algumas prosas e muitas risadas, recebemos as perneiras, acessório utilizado para proteção da parte inferior da perna, pois nas travessias do rio encontraríamos muitas pedras pontiagudas e cortantes, muitos dizem ser realmente para proteção de picadas de cobras, abundante na região, hehehehehehe. Começamos a caminhada por um curto percurso com lama pra todo lado dentro de uma mata e logo chegamos a margem do rio cheio de pedras que nos acompanhariam praticamente no decorrer de todo caminho. O rio estava lá, sempre presente, disso eu já sabia, só não sabia é que o atravessaríamos tantas vezes. De cara acompanhando o curso do rio bem longe ao fundo, vislumbramos a pedra do Cone, imponente, nos dando boas vindas. Realmente um lindo visual. Atravessamos o rio pela primeira vez e já na margem oposta observamos que o tênis do nosso amigo Armando estava de bico aberto, ou seja, a sola de um dos pés tinha descolado. O guia enrolou fita adesiva e continuamos e na segunda vez que atravessamos a outra sola também soltou, e o nosso amigo tinha falado que o produto era importado, acho que era importado de Caturité da Paraíba. Hehehe. A cada uma das 483 travessias, brincadeira, mas perdi as contas de quantas vezes foi necessário atravessar o rio durante todo o percurso, uma parada para reparo do calçado do amigo, e depois de terminar toda fita adesiva, todos contribuíram com barbante, cinto, alça de máquina fotográfica, cadarço e outras coisas. Conforme íamos caminhando no leito do rio por cima das pedras o nível de dificuldade aumentava e num determinado ponto, o guia nos mostrou um montinho de pequenas pedras sobrepostas, pensávamos ser a indicação da trilha ou mesmo algum tipo de oferenda feita aos seus deuses pelo povo da região, pois vimos muito isto no Peru, onde o povo inca fazia isso no passado. Puro engano, ele explicou que são lugares indicativos de ninhos de cobras. O Herbert não gostou nada disso, pois se existem ninhos, existem cobras também, hehehehe. Felizmente não encontramos nenhuma pelo caminho, apenas a pele deixada por uma sobre uma pedra. Continuando, a cada curva do rio um novo cenário se abria na imensa fenda do interior do cânion Itaimbezinho, como inúmeras cascatas, piscinas naturais e paredões gigantescos. Depois de mais de 2 horas de caminhada encontramos uma nova atração, um tobogã natural em que Eu, Herbert e os amigos potiguares tomamos um gostoso banho para revigorar nossas energias. A correnteza nos arrastava rápido até uma piscina natural, a brincadeira foi boa, com muitas descidas, até o guia nos alertar que tínhamos que seguir adiante. Por diversas vezes na travessia do rio as pedras escolhidas para pisarmos deslocavam e se não fosse a solidariedade do grupo com a famosa corrente de mãos dadas, poderia causar alguma torção ou até mesmo ferimentos ao ser levado pela forte correnteza, felizmente a galera sempre esteve coesa nesta empreitada, sempre um cuidando do outro, olhando, ajudando ou simplesmente orientando.
Muitas vezes o cansaço era compensado por belas paisagens, porque de repente surgiam novas e enormes formações rochosas e lindas cachoeiras que emolduravam aquele cenário mágico. A visão dos paredões de baixo para cima é escandalosamente bonita. Em caminho de pedras, escorregadio, a água que precisa ser ultrapassada pode estar na altura das canelas, da cintura, do peito, ou de outras partes também que prefiro não mencionar, isto é claro dependendo das chuvas da época. Se não chegamos ao final da trilha, faltava muito pouco, pois deste ponto vislumbramos um lugar fantástico, onde os olhos brilhavam com a visão dos imensos paredões, cuja beleza faz valer a pena o esforço da caminhada, e que tornam o ser humano insignificante diante de tamanha grandeza . O mesmo visual que vemos nos cartões-postais do cânion Itaimbezinho, muitas fotografias foram tiradas ali e logo após começamos a volta pois o horário não permitia que fossemos adiante, retomamos a marcha com cuidado nas pedras que margeiam o rio, sempre observando a enorme garganta do cânion que guarda cenários deslumbrantes em seu interior, e a trilha cuja transição da Mata Atlântica e Nebular em seus vários estágio de regeneração é visível e também a vegetação escarpada e de pequeno porte. É uma trilha impressionante onde é destaques a riqueza da fauna e da flora e de sua fascinante geologia. Onde pode-se ainda apreciar o despencar das cachoeiras e suas piscinas de águas límpidas e naturais e onde o difícil acesso é encarado com naturalidade por quem curte grandes aventuras na natureza. Seguimos até um trecho pelo rio, e depois por orientação do nosso guia seguimos um caminho alternativo pela mata . A ideia foi abreviar o tempo que gastaríamos para retorno. Sábia decisão. Evitamos as pedras e ainda curtimos um novo ambiente de caminhada e quando saímos da mata já estávamos próximo à guarita. E foi assim que terminamos esta bela aventura no Rio do Boi. E o que o boi tem a ver com isso? Consta que a denominação do rio que passa no Cânion se deve aos infelizes bovinos que caíam quando pastavam muito perto das bordas no alto dos paredões,. Ao chegarmos ao posto de fiscalização trocamos nossas roupas sujas e molhadas, e o amigo Guarda Belo nos recepcionou com um café quentinho, muito gostoso para o momento, enquanto degustávamos aquela preciosidade apareceu uma “onça pintada”, que era simplesmente a nossa amiga Taciana e o Belo declarou que estava aberta a temporada de caça a onça. Risos geral da galera. Belo você é o cara. Valeu. Foi a partir desta trilha que adotamos o ditado ”Nada é tão ruim que não possa piorar”, pois quando terminamos a caminhada falei isto pro amigo Armando em alusão ao embaraçado caso do seu tênis. No restante de todo nosso passeio sempre falávamos isto.
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